Eu estava escrevendo um post sobre o último filme que assisti (fantástico por sinal, mas fica para depois), quando toca o interfone: "é entrega para a senhora". Pois é. No carnaval desse ano, minha irmã (a do meio) chegou de Recife com uma sandália tipo espadrille, lindademorrer. Ok, segundo alguns entendidos (?) é a peça chave do verão. Não sei se é do que passou ou do que chega por aí. Fato é que amei, mas como era de longe, deixei para lá. Eis que há um mês, a mesma irmã me envia um torpedo, informando que a tal sandália estava sendo vendida por um desses sites de compra coletiva, com 50% de desconto. Isso não acontece todo dia, não é? Saquei o cartão de crédito e rumo ao computador! E hoje, ela está nos meus pés. Uma alegria só. Mas o que eu queria falar mesmo, era dessa expectativa, da sensação da espera e finalmente, a chegada de algo pelo correio. A gente só conhece as contas para pagar e/ou no máximo aquele cartãozinho daquela loja com 5% de desconto à vista no dia do seu aniversário. Ou as panelas, Melissa e até televisão, que compramos online. Agora a sensação de esperar por uma carta daquela prima que foi morar longe, ou o cartão postal dos avós que foram fazer um passeio de navio até a Terra do Fogo, ou quem sabe as amigas que foram para o intercâmbio. Disso ninguém se lembra. Eu trabalho numa colônia de férias que tenta manter, heroicamente, o contato com os familiares através de carta. É isso mesmo. As crianças ficam quase duas semanas longe dos seus pais e a saudade é confortada através de cartas. Claro que numa emergência, é feito um contato telefônico. Um grande desafio para nós que vivemos conectados 48h por dia. Inclusive nossas crianças. Infelizmente. Um grande exercício de espera e como prêmio, aquele papel escrito a mão, cheio de emoção e saudade, contando o que foi feito naquela semana. Já perceberam como sua caligrafia já não é mais a mesma, talvez pela falta de uso? Me lembro na minha época que alguns pais enviavam recortes de revista, resumos das novelas. As cartas que minha mãe escrevia vinham sempre muito coloridas e desenhadas, contando sobre as minhas irmãs e o meu cachorro. Meu pai sempre falava do carnaval com notícias da Banda de Ipanema e do Simpatia. Guardo todas. Carta também é memória e registro da nossa história pessoal e porque não coletiva. Tente escrever uma, ou quem sabe, espere por uma.
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unhas feitas especialmente para esse momento |
Um comentário:
Que sandália linda!!! tem que dar o site. Beijos
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