quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Tudo por causa de um bife de panela

quem tem medo?
Você tem razão. Tem muito tempo que não passo por aqui. Aliás, que não deixo nada escrito aqui. Fazem o que? Quase sete meses.. Mas como todo bom filho sempre volta, cá estou. E como diz o título do post, por causa de um bife de panela. Semana passada fui almoçar na casa da minha mãe e na mesa me esperava um linda e cheirosa carne com cenoura e batatas cozidas. Linda carne? Oi? Sim, nesses quase sete meses muitas coisas aconteceram. Depois de mais de dez anos voltei a comer carne por causa da gravidez. Gravidez?? Sim, o moleque chega para trazer mais alegria ao mundo em março!
Mas voltando ao assunto que me trouxe aqui, decidi que tinha que fazer a tal carne, que na verdade minha mãe chama de bife de panela. Para isso, teria que usar a panela de pressão. Ok, meu maior desafio da vida. Medo dela explodir na minha cara, quebrar o teto, o fogão e parar na casa do vizinho. Mas hoje criei coragem (afinal, isso se tornou coisa bem pequena frente as minhas próximas responsabilidades) e aprendi que com todo o cuidado e segurança, pode dar certo. E deu!! Palmas para mim!
Sei que cozinha não é para todos e nem acho que deve ser. Mas eu gosto. Nasci numa família onde a cozinha sempre foi o lugar escolhido para se passar as madrugadas jogando conversa fora, enquanto se esperava algo muito gostoso sair do forno. Ou do fogão. Sempre gostei de fazer doces, bolos e por aí vai. Comida de verdade (leia-se: arroz, feijão, carne) era um mito para mim, que eu venho desmistificando aos poucos. Agora, usar panela de pressão? É muita onda né não? Adoro a liberdade e autonomia que saber cozinhar te proporciona. Claro que isso exige tempo e paciência para lavar a louça depois. Mas ok, agora tenho esses dois quesitos, vou aproveitá-los enquanto é possível. E não era a panela de pressão que ía me impedir essa sensação de realização.

Bife de panela da mamãe
500g de bife de miolo de contra-filé
1 cebola
3 dentes de alho
2 cenouras
2 batatas
1/2 litro de água
1/2 tablete de caldo de carne
louro
sal e pimenta a gosto

Modo de preparo surpreendentemente simples:
Refoga os bifes na cebola, já temperados com sal e pimenta.
Coloca o alho depois, para não correr o risco de queimá-lo.
Adiciona a cenoura e as batatas.
1 folha de louro.
Adiciona a água com o caldo.


Fecha (bem) a panela. Quando começar a apitar, deixa cozinhar por uns 20 min. Depois, com (muito) cuidado, tirar TODO a pressão. Pode ajudar levantando a válvula com um garfo. Dá uma olhada e vê se ainda tem muito caldo. Se achar que sim, deixa cozinhar um pouco sem a tampa mesmo, para reduzir até onde preferir. Se não, manda ver com arroz e feijão e depois me conta a maravilha que ficou.

o bife quase se desmanchou!

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Quando 15 minutos duram uma eternidade


Eu achava que era uma pessoa controlada, que era só fechar os olhos e respirar fundo que estava tudo bem. Ledo engano. Ressonância Magnética é para os fortes. Tentei uma vez. "Você está bem? Quer sair?" Sim, claro. Quero sair correndo, ver o sol, sentir a brisa do vento. Eu quero a minha mãe! Sim, porque nessas horas só a mãe mesmo. "É assim mesmo. Tá vendo ali o tubo? Ele é aberto no final. Qualquer coisa a gente está aqui fora, é só apertar o botãozinho". Começa tudo de novo. A pressão ainda no pé e o suor querendo escorrer. Fecho os olhos. Se não tivesse esse barulho todo, certamente a experiência seria (bem) menos angustiante. Por um momento achei que estava numa rave (há três dias), em seguida, num tiroteio. Digno daqueles do Turano na época da escola, ou do Morro dos Macacos, na época do Inca. "Tenta meditar, aproveita esse momento, pensa em coisas boas", sugere uma vozsinha dentro de mim. Afinal, são só (?) quinze minutos. Mas com essa trilha sonora fica difícil. Respiração! Claro, é isso que vai me salvar. Inspira profundamente, até o baixo ventre. Expira contando até dez.. E assim vai. É nesse movimento que eu me apego. Não posso pensar em mais nada, para não perder o foco. Quantos minutos já terá passado? Porque parece exagero, mas é uma experiência que parece que vai te levar a loucura. Penso nos que sofrem com a (falta de) saúde mental, ou outra patologia qualquer. Que sofrimento. O meu eu sei que vai passar. É só um cuidado com um problema de coluna antigo. De repente o barulho cessa e eu começo a ser puxada para fora. "Pode soltar". Eu segurava com força o tal botãozinho, meu bote salva-vidas. E saio aliviada, feliz, como se estivesse passeando pelas ruas de Paris. Em plena Buenos Aires. Centro do Rio.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

história com fim e puxada de orelha

Ruth - sem disfarce

Pois é. Levei uma puxada de orelha da irmã do meio ontem. "Pô, achei que você ía escrever mais, contar sobre o livro e tals. Só escreveu isso?" Então tá, como irmã mais velha sempre tem razão e finalmente terminei a leitura, resolvi dar uma palinha. Alho e Safiras foi escrito por Ruth Reichl, que na época (meados dos anos 90) era crítica de gastronomia do New York Times. Não é pouca coisa né? Para elaborar suas críticas, precisava ir aos restaurantes da vez, diversas vezes. Porém, indo como Ruth, não haveria fila de espera, mesa ruim, mau atendimento, fio de cabelo na comida, ou massa cozida demais. Surge então uma tática para ir aos restaurantes sem ser reconhecida: criar personagens, se disfarçando com perucas e figurinos. E assim, poder ter a experiência de um reles mortal. O bacana disso é que na construção dos personagens, Ruth vai descobrindo diversas facetas da sua personalidade, que nem ela sabia que existia. Tão junguiano! Além de crítica, como boa escritora, segue contando os casos, nos brindando com receitas e dividindo um pouco sobre o delicioso e difícil universo gastronômico. Porque por mais divertida que pareça a idéia de comer praticamente todas as suas refeições em restaurantes incríveis (ou não), chega uma hora que você só quer chegar em casa para jantar com a sua família. Uma massinha com um bom parmesão ralado, ou uma sopa de legumes. Comfort food, acompanhada dos seus. E é nesse ponto que Ruth chega, deixando o Times para virar editora da revista Gourmet. Ops! Falei o final do livro. Mas ok, não é ficção e isso já aconteceu há uns quinze anos.
Boa leitura.

domingo, 20 de maio de 2012

história sem fim


quando estou amando um livro e este começa a se aproximar do fim.. vou lendo devagar, aumentando as pausas entre as leituras. tentando evitar o inevitável: a saudade que fico dos personagens.

terça-feira, 15 de maio de 2012

frio dá fome

Almoço de terça-feira, início da semana. Um frio danado. Eu tenho tempo e um monte de coisa na geladeira que tenho medo que estrague. O resultado? Um almoço delícia, colorido e rápido. Claro, parte dele já estava encaminhado. Mas nada complicado. Seguem as idéias:


 
Mini guacamole com torradinhas e limão para temperar


Folhas, tomate e pepino em quadradinhos e cogumelos


Milho cozido com queijo ralado, pimenta calabresa e limão


Linguine ao sugo com espinafre


Para completar, um bom vinho para brindar!

quinta-feira, 26 de abril de 2012

o que eu vou salvar?

fogo meramente ilustrativo

Foi a primeira pergunta que eu me fiz, após meus vizinhos baterem na minha porta para avisar que um apartamento no sexto andar estava pegando fogo. Todos tinham que descer. Fogo, sexto andar, coração na boca, arrepio pelo corpo inteiro. Sozinha em casa. Queria chorar, mas não dava tempo. O que eu pego? Fecho as janelas? Apago as luzes? O celular foi a primeira coisa. Carteira. Sei lá! Olhei para o computador. Pensei no que tenho de valor. Valor? Sentimental, afetivo, porque de jóia mesmo, apenas a aliança. O resto a gente repõe. Desapego. Que difícil isso. Fecho as janelas e antes de apagar a última luz, paro por uns instantes. Olho para a minha sala e fico admirando. Tudo que nós temos, construímos. Estamos construindo. Será que é assim? De um segundo para o outro tudo muda e tudo o que você tem fica em risco. Mas é no sexto andar e pode ser que o bombeiro chegue à tempo. Por favor, Sr. Bombeiro chegue à tempo. Celular no bolso, carteira na mão e pano de prato. É, pano de prato. Eu estava lavando a louça quando bateram na minha porta e depois dos dois minutos que demorei para decidir as medidas que deveria tomar, o pano de prato ficou esquecido no meu ombro. Cheiro de fumaça forte na escada de emergência. Sim, não usar o elevador é a primeira coisa que aprendemos sobre incêndio. Incêndio. Essa palavra ainda soa estranho. Mães, pais e babás com crianças, pais e mães chegando do trabalho, outras crianças chegando da escola, cachorros no colo. E eu agradecendo meus vizinhos. Meus heróis. Fiquei do outro lado da rua olhando meu apartamento apagado. Esqueci a porta da varanda aberta. Rezo para o carinha lá de cima (aquele que mora aqui dentro). Os bombeiros chegam e sobem de elevador (eles perderam a primeira aula?). Fogo controlado. Meus nervos também. Tenho agora a companhia dos meus pais e minha irmã que me dão o colo que só eles (e ele) sabem me dar. Foi um curto circuito e dentro de uns minutos os moradores retornam para o seu lar. O meu lar. Suspiro de alívio. Apesar do forte cheiro que ainda se percebe nos elevadores e corredores, salvaram-se todos. Eu salvei meu celular, a carteira e o pano de prato. E a mim também.

sábado, 21 de abril de 2012

Para ele


 
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O dia em que você conhece o amor da sua vida


Você está saindo de um aniversário em um bar, já passa de uma da manhã e o ânimo é pequeno. Mas é o aniversário de uma grande amiga, e você resolve deixar a preguiça de lado e chamar um táxi, na esquina da Prudente com a Farme.
Aí você se lembra que a festa é à fantasia, então chegando lá, pede emprestado um adereço. Coloca um arco de coelha e com um lápis de olho traça uns bigodinhos na bochecha. Está pronta. Desce as escadas cuidadosamente com seu scarpin pink, short jeans e camiseta. Durante a festa, um turista e um jóquei se fazem presentes. O turista conta que a roupa é de um figurino de um espetáculo do seu grupo. Ele é músico. Você acha graça. Acontece então uma conversa tímida sobre qualquer assunto às 4h da manhã, na tentativa de uma aproximação maior. Ele, gentil, cede a última garrafa de Stella para a sua irmã, que com um grande incentivo e tomando a tal Stellinha, tenta aproximar vocês dois. Ele te olha diferente, mas nada acontece. Ele não se conforma por estar de carona e não poder te levar embora. Você, cansada, volta para casa com a sua irmã, que no caminho faz um grande discurso, irritada com a sua falta de abertura para um cara que parecia tão bacana.
Chegando em casa, às cinco da manhã, você vai dar uma olhada no seu e-mail e descobre que o tal cara bacana te procurou no Orkut. Bendito Orkut. E assim começa um contato entre letras e risos e uma vontade de se ver, como tinha de ser. Uns dias depois você fica sem internet e pede para a sua grande amiga enviar um e-mail para ele com o seu telefone. Pronto. Não havia mais dúvida. Ele tinha te ganhado e você não fica nem um pouco sem graça por entregar os pontos. E numa quarta-feira, saindo do trabalho, você recebe uma mensagem. Era ele te convidando para sair. Combinado. Saindo da terapia, você corre para comprar uma roupinha nova (claro que ele só vai descobrir isso agora). Às nove ele te pega e sugere um Japa em Santa. Duas palavrinhas que no seu ouvido soam quase como um pedido de casamento. Sim, você aceita. Mas o tal japa em Santa já não é mais o mesmo. Tem televisão ligada, barata na parede e atendimento ruim. Então você sugere um japa em Ipanema, onde vocês conversam sobre a vida, trabalho e afins, compartilhando a primeira refeição juntos. No carro, o tão esperado beijo. Com gosto de Halls de melancia. E desde então, vocês viajam, curtem os carnavais e se amam de uma forma única, somando amigos, risos e projetos. Saindo cada vez melhor das curvas do caminho. Tendo a certeza de que querem envelhecer juntos, e continuar a sorrir a cada acordar, quando os olhares se encontram. Porque naquela madrugada do dia 25 de novembro de 2007, você tinha que ter pego aquele táxi, naquela esquina, e mesmo cansada, se fantasiar de coelha para conhecer o amor da sua vida.

sexta-feira, 30 de março de 2012

quinta-feira, 1 de março de 2012

inveja branca

Eu invejo aquelas pessoas que sabem o que querem desde pequeninos. Do tipo: quero ser bombeiro, astronauta, atriz e por aí vai. Acredito que poucos realmente acabam se tornando aquilo que sonharam quando pequenos. Uns perdem o contato com o desejo, outros pensam que a escolha não irá lhe trazer a subsistência necessária, ou simplesmente, descobrem novas terras. Quando eu era pequena, tinha a certeza absoluta que seria veterinária. De animais de grande porte. Sim, era uma criança determinada, ariana, cabeça dura. Até que descobri que amava animais, mas não teria estômago nem coração para vê-los em sofrimento. Acabou que fui cuidar de pessoas em sofrimento. Ser humano é um bicho curioso, não? Pois é, buscando um foco no momento para tantos quereres.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

ain't no mountain high enough


Medianeras. Ok, um filme que praticamente todos já viram, comentaram. Aliás, teceram lindos comentários, porque realmente é apaixonante. Eu assisti ontem, aos 46 do segundo tempo, pois quinta ele sai de cartaz no Estação. Tá certo, o filme é argentino e já sai na frente por isso. A fotografia é de tirar o fôlego. Levanta questões sensíveis que vão além da busca eterna pelo grande amor, ou pelo seu Wally. O que faz uma cidade construir seus prédios de costas para o seu rio? Ou, além de não vermos o rio, porque tantos fios, que cobrem o céu? E a internet que nos aproxima do mundo, mas nos afasta da vida.. e por aí vai. É fácil se identificar com as manias, gostos e porque não, com a angústia e solidão vividos pelos personagens. Ao mesmo tempo que dá uma sensação claustrofóbica e de eterno desencontro, ele mostra que sim, sempre é possível voltar a sorrir. E como bem disse Lili,"abrir uma janela nas medianeras da vida". Afinal, ain't no moutain high enough..

sábado, 11 de fevereiro de 2012

faltam três dias...

.. para desbravarmos o percurso afetivo de Tarsila do Amaral no CCBB. Abertura da exposição dia 13 para convidados e dia 14 para nós, reles mortais. Há 43 anos não acontece uma mostra individual da artista no Brasil. Já estava em tempo, não? Sou apaixonada pela obra da Tarsila e por todo o contexto da época. Tanta produção, efervescência e irreverência não só nas artes plásticas, mas na literatura, no comportamento. Semana de 22, o grupo dos cinco. A nossa Belle Époque.  Senti uma enorme frustração na minha primeira visita ao Malba, residência oficial do Abaporu, pois o mesmo se encontrava em Miami. Abaporu é a obra brasileira mais valorizada no mundo, tendo alcançado o valor de U$1,5 milhões, pago pelo colecionador argentino Eduardo Constantini, em 1995. A obra foi pintada em óleo sobre tela e dada de presente à Oswald de Andrade, seu marido na época. Presentão héin?
Mas já na minha segunda visita ao Malba, tive o prazer não só de ver o Abaporu ao vivo, como grande parte da obra da artista, na mostra Tarsila Viajera. Que onda não? Pois é, desta vez ele não estará presente, pois a mostra não inclui os períodos habitualmente identificados na sua obra, como Pau-Brasil, Antropofágico e Social. Segundo Antonio Carlos Abdalla, curador da mostra, o enfoque dado foi "mais intimista; depois, temático e, quando possível, cronológico", a partir da descoberta de um diário de viagens da artista. Mesmo sem Abaporu, não dá para perder.
Então, vamos?

Veja a programação completa aqui.

ele não vai, mas você pode ir..

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

já caminhei..






já pisei em chão de pedra, de terra, asfalto, areia, terra molhada, grama molhada, grama quentinha do sol.
chão macio, chão duro..
chão que aconchega, chão que machuca.
já caminhei para emagrecer, para ir à aula, para trabalhar.
110 km por uma causa, por um desafio.
para pensar,
para passear,
para conversar,
para namorar,
para relaxar,
para esquecer..
para chegar.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

wonderland..




Foram quase duas semanas sem tv e celular
Jornal e poluição
Foram quase duas semanas com os pés descalços e poucas horas de sono
Tinta na parede e nos cabelos
Respirando artes e risos
Colecionando histórias e encontros
Pessoas especiais e crianças incríveis
Foram quase duas semanas
Não fosse a saudade de casa e a realidade chamando..
Poderia ter sido uma eternidade.