quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

9 meses dentro, 9 meses fora


Meu pequeno,
Já escrevi muitos textos mentalmente nesses nove meses que passaram. Não coloquei no papel, obviamente, por falta de tempo, cansaço, ou simplesmente porque na hora de começar, as idéias fugiam.
Nunca pensei em sentir tamanho amor. Não sabia que isso existia. Ao mesmo tempo não imaginava que choraria tanto. De emoção, de medo, de dor, de alegria, de cansaço. Por causa da novela, da história triste no jornal, do miquinho na árvore, daquela musica daquele cantor. Sim, muitas lágrimas. Não sei se são os hormônios, ou o fato de perceber que colocar um ser humano nesse mundo é algo tão lindo e ao mesmo tempo tão assustador. Uma vez sua tia Gabi disse que depois de ter filho, você passa a ter mais medo do mundo. E é verdade. Por mais controle que você quer ter das situações, não dá para proteger de tudo. De um lado você se conecta com uma potência incrível, afinal você gerou uma vida e pode cuidar e zelar por ela. Do outro, entra em contato com uma fragilidade gigante. Nem sempre é possível dar conta.
Mas acima de tudo, tenho um sentimento de gratidão imenso por poder vivenciar essa experiência.
E toda noite quando te coloco para dormir, me sento na poltrona, te encho de beijo (mais um pouco) e rezo baixinho. Peço para que tenha uma vida bacana, cercada de gente do bem. Que possa fazer boas escolhas, saúde claro, e que acima de tudo seja feliz. Ao menos na maior parte do tempo. Afinal, algumas dores e pesares são inevitáveis. E é isso o que nos torna humanos. Amém. Às vezes choro um pouquinho (sim, sempre me emociono nessa hora), dou mais um beijo e te coloco no berço. E digo: até amanhã (quase um “pelamordedeus não acorde esta madrugada”). Amanhã é um novo dia e você vai nos acordar em pé no berço, reclamando que ninguém está te escutando.
Obrigada por me ensinar que um mais um é igual a três!
Amor eterno,
Mamãe.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

à espera



foto Debora Oigman



A idéia não é tornar o blog um espaço sobre a maternidade, tipo "o que esperar quando você está esperando", ou "10 coisas que nunca te contaram sobre a gravidez" e por aí vai. Mas 7 meses já se passaram e é impossível não deixar um registro aqui. Nesse espaço que cabe de um tudo e um todo.
A barriga vai crescendo, os movimentos vão ficando mais difíceis, seu corpo não pertence mais só a você. O desejo por um chope gelado, pela proibida comida japonesa ou por uma caipirinha no fim de tarde já nem dão mais pinta por aqui.
Uma experiência tão coletiva, visível a todos, que olham diferente, comentam, tocam e querem saber. Ao mesmo tempo tão única e pessoal. Nenhuma gravidez é igual a outra. Nem mesmo quando vivida pela mesma mãe. Nem os livros e revistas dão conta de cada pirueta que o bebê dá na barriga (não sei se ele de fato faz isso, mas a sensação é exatamente essa), de cada choro desmedido (meu, claro), cada celulite nova ou número de soutien três vezes maior. O medo de não sermos pais suficientemente bons (aiai, psi..), de reconhecer  suas necessidades. Os chutinhos em resposta à minha voz ou ao meu toque na barriga. Assim como o do pai. Cada presente ganho, cada sonho com suas mãozinhas. A gentileza dos estranhos na rua (sim, ainda existem alguns bons exemplares por aí). O brilho nos olhos dos avós a cada ultra, a ansiedade das tias, a expectativa dos amigos. Nenhuma literatura dá conta disso. Nem deve. É da ordem da vivência e essa é sempre difícil de ser compartilhada na sua completude.
Mas isso é só o começo de uma história que ainda vai dar muito o que falar. E escrever.
Seja bem-vindo meu pequeno. Te esperamos com o coração e a casa cheios de amor.