Meu pequeno,
Já escrevi muitos textos mentalmente nesses nove meses que
passaram. Não coloquei no papel, obviamente, por falta de tempo, cansaço, ou
simplesmente porque na hora de começar, as idéias fugiam.
Nunca pensei em sentir tamanho amor. Não sabia que isso
existia. Ao mesmo tempo não imaginava que choraria tanto. De emoção, de medo,
de dor, de alegria, de cansaço. Por causa da novela, da história triste no
jornal, do miquinho na árvore, daquela musica daquele cantor. Sim, muitas
lágrimas. Não sei se são os hormônios, ou o fato de perceber que colocar um ser
humano nesse mundo é algo tão lindo e ao mesmo tempo tão assustador. Uma vez
sua tia Gabi disse que depois de ter filho, você passa a ter mais medo do
mundo. E é verdade. Por mais controle que você quer ter das situações, não dá
para proteger de tudo. De um lado você se conecta com uma potência incrível,
afinal você gerou uma vida e pode cuidar e zelar por ela. Do outro, entra em
contato com uma fragilidade gigante. Nem sempre é possível dar conta.
Mas acima de tudo, tenho um sentimento de gratidão imenso
por poder vivenciar essa experiência.
E toda noite quando te coloco para dormir, me sento na
poltrona, te encho de beijo (mais um pouco) e rezo baixinho. Peço para que tenha
uma vida bacana, cercada de gente do bem. Que possa fazer boas escolhas, saúde
claro, e que acima de tudo seja feliz. Ao menos na maior parte do tempo.
Afinal, algumas dores e pesares são inevitáveis. E é isso o que nos torna
humanos. Amém. Às vezes choro um pouquinho (sim, sempre me emociono nessa
hora), dou mais um beijo e te coloco no berço. E digo: até amanhã (quase um
“pelamordedeus não acorde esta madrugada”). Amanhã é um novo dia e você vai nos
acordar em pé no berço, reclamando que ninguém está te escutando.
Obrigada por me ensinar que um mais um é igual a três!
Amor eterno,
Mamãe.