Eu
tinha que fazer hora na sexta-feira e aproveitando a saída da manicure
que fica perto do antigo Espaço de Cinema (que agora se chama Estação
Sesc Botafogo).. resolvi arriscar algum filme do Festival do Rio. Não
tinha lido quase nada sobre a programação. Na verdade, além de saber que
sempre tem o lançamento de algum filme do Almodóvar, sabia também que
às 19h no Estação Vivo passaria o filme Um dia, baseado no romance de
David Nichols, mesmo título, que eu amei muito muito ler. O livro conta a
história de dois amigos, Em e Dex, que se conhecem na noite de
formatura no dia 15 de julho de 1988. A cada capítulo, descobrimos o que
acontece na vida dos dois, nos dias 15 de julho dos 20 anos seguintes.
Fantástico. Mas não ía chegar a tempo. E também não era sobre isso que
eu ía falar.
Cheguei na bilheteria e perguntei
pelo filme seguinte. Descubro que em dois minutos começa "Tillman, um
herói sob medida", The Tillman Story no original. Filme de Amir Bar-lev.
E aí? Pegar ou largar? Pegar claro, como sempre faço quando vou ao
cinema sem ter a mínima idéia do que está passando. Apesar de não saber
se eu ía rir, fica mal, ou entediada nos próximos 94 min. Eu estava
topando.
Cenário: cinema enchendo, filas para
comprar ingressos antecipados, pessoas enlouquecidas estudando (não é
modo de falar) a programação, discutindo com seus amigos as boas, os
horários, aquele filme que eles não po-di-am per-der! Eu só queria fazer hora.
Rapidamente comecei a pesquisar no
smartphone qualquer coisa sobre o filme, como forma de evitar maiores
surpresas. Consegui. O filme na verdade é um documentário indicado ao
Oscar (rá!). Conta a história de um jogador de futebol americano do
Arizona, que após o 11 de setembro é tomado por um sentimento patriótico
e percebe a necessidade de fazer algo maior pelo seu país. Se alista no
exército e ruma ao Afeganistão e ao Iraque, junto do seu irmão do meio.
Já em campo (de guerra), reavalia sua decisão, ao perceber os reais
motivos dos conflitos e o quanto esses ferem seus princípios e valores.
Ainda assim, decide permanecer até o final do tempo proposto. Afinal,
ele havia se comprometido. E é nessa que a tragédia acontece. Patrick
Tillman, atleta de 25 anos, casado com a namorada de escola, é morto
numa emboscada Talibã. Correto? Não. Descobre-se que na verdade foi
morto por fogo amigo, ou seja, por membros do próprio exército
americano. Melhor marketing que esse é quase impossível: um herói do esporte nacional abandona a promissora carreira, para lutar por seu bravo país. E é morto em ação.
O documentário relata a tragédia e a
tentativa (frustrada) da família, de revelar a realidade dos fatos. É
um soco no estômago. Sentimento de impotência. Saí com raiva, mas valeu a
pena.
O Festival do Rio 2011 acontece entre os dia 6 e 18 de Outubro e é possível comprar os ingressos pelo ingresso.com. O site oficial está dando erro, mas vale a pena entrar mais tarde e tentar baixar a programação.
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